Tudo Sobre Cactos
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Variedade Agreste no Jardim
Impossível imaginar histórias de lampião e Maria Bonita sem um cenário agreste repleto de cactos e outras plantas típicas da caatinga. Como também fica difícil enxergar as coloridas casas mexicanas sem a presença desta exótica planta.
Os cactos são antes de tudo imagens inóspitas em nossa mente tão acostumada à delicadeza frágil da maioria das plantas, mas por trás de seus espinhos, a primeira vista agressivos, se esconde uma planta simples e cheia de belos mistérios.
Capazes de suportar longos períodos de seca sem sofrer, os cactos encantam por sua coragem frente à vida em locais tão inabitáveis e, principalmente, seduzem pela grande variedade de espécies que apresentam, seja em sua forma mais habitual, suculenta e cheia de espinhos, ou mesmo durante suas floradas, com flores de um colorido vibrante.
E cactos têm flores? Essa pode ser a primeira pergunta que nos vem a cabeça, fruto de uma dúvida que só existente por causa de nosso absoluto desconhecimento, afinal, em que se diferencia a família Cactaceae das demais? Pelo aspecto? Pela forma? Pela capacidade inacreditável de domar a sede? Ou talvez pelo visual agressivo? Puro preconceito.
Os cactos têm flores sim e talvez das mais belas que existem na Natureza, com cores fortes e quase fosforescentes, que nascem anualmente e são muito desejadas por abelhas e beija-flores. A palavra cactos vem do grego kaktos e significa "planta que tem espinhos". Aliás, esta é a imagem mais comum que temos sobre cactos, mas engana-se quem atribui a esta planta apenas este aspecto.
Há cactos que se assemelham mais a uma planta pendente, como a flor de maio (Schlumbergera truncata),
e até mesmo cactos que são recobertos por uma espécie de penugem branca (Cleistocactus strausii).
Há cactos que possuem folhas (quiabentia zehntnerii) e até alguns que são desprovidos quase que por completo de espinhos.
Encontrados em toda a América, os cactos somam cerca de 2 mil tipos diferentes. Esta grande variedade de uma mesma espécie tem sido o principal atrativo para que tantas pessoas se dediquem ao cultivo de cactos em todo o mundo.
Apesar de existir vários colecionadores de cactos no Brasil, não existe uma literatura específica sobre estas espécies, e a maioria das informações são pesquisadas em livros norte-americanos e até holandeses, onde há muitos colecionadores e os cactos são muito valorizados.
Na Europa, as espécies mais cultivadas são as de forma globular. As Opuntias, por terem porte grande e ocuparem muito espaço, são as espécies menos cultivadas.
No norte da Europa também há muitos apreciadores que preferem os cactos pequenos por limitações de espaço. Devido as condições climáticas, muitos colecionadores cultivam seus cactos em estufas, varandas e até mesmo nos parapeitos das janelas.
O problema do cultivo de cactos na Europa é que a estação da chuva, que ocorre durante o Inverno de lá, coincide com o período de repouso deste tipo de planta e durante o qual elas devem ser mantidas mais secas, devidamente abrigados da chuva e do frio.
Mesmo assim os cactos têm conquistado cada vez mais amantes estrangeiros.
No Brasil o interesse por cactos é menor, uma vez que ele faz parte da paisagem de muitas regiões do país e acaba não despertando tanta curiosidade, ao contrário da Europa a qual são consideradas plantas exóticas. Na caatinga, por exemplo, há uma infinidade de cactos que além de serem admirados em seu "habitat" natural, também são cultivados para alimentação do gado ou mesmo na fabricação de corantes alimentícios e tecidos.
É o caso do Nopalea cochenillifera, cacto originário do México, que já foi muito usado para a propagação de cochonilhas, um tipo de inseto minúsculo e branco muito temido nos jardins, mas que produz um tipo de substância capaz de agir como corante para tecidos.
Na cidade de Sertania, em Pernambuco, o governo do estado tentou introduzir o cultivo deste tipo de cactos para que as comunidades pudessem reproduzir as cochonilhas e extrair o corante para a venda, gerando uma fonte de renda extra e auto-sustentável para as comunidades locais. Porém, a prática acabou não sendo desenvolvida pelas famílias da comunidade e as plantações foram abandonadas. Com o abandono das plantações e a existência de várias espécies de cactos na região, este tipo de praga pôde se proliferar a vontade, o que acabou infectando vários exemplares além dos limites de cultivo. O descontrole da praga deixou as autoridades apeensivas em relação ao ataque das cochonilhas aos cactos nativos.
A maioria dos representantes da família Cactaceae é conhecida apenas pelo nome científico ou pelo nome genérico de cactos. São raros os exemplares que possuem alguma denominação popular. Seu aspecto escultural e espinhudo leva algumas pessoas a acreditarem que se trata de uma planta venenosa ou perigosa. De fato, os espinhos são uma forma de proteção destas plantas, que temem ser devoradas por animais famintos existentes nos mesmos locais em que elas habitam.
Porém, não é intenção dos cactos assustar e nem machucar o homem.
Há estudos que tentam provar que a existência dos espinhos também colabora para a absorção de água da planta, mas ainda não há embasamento científico que indique a veracidade desta suposição. O mais certo é que eles absorvam a água necessária para sua sobrevivência através de suas longas raízes. Exemplares encontrados em seu habitat natural chegaram a demonstrar que a planta de porte jovem, não adulto, já é capaz de possuir raízes com até 15 mts. de comprimento, atingindo muitas vezes o lençol freático sob a terra. No entanto, quando cultivado em vasos, pelas condições reduzidas que são oferecidas, aprendem a adestrar suas raízes naturalmente.
Sem muitos caprichos e de crescimento extremamente lento, os cactos são excelentes companheiros, já que requerem poucos cuidados, e ainda revelam belas surpresas a quem se dispõe a cultivá-los, principalmente para as pessoas que adoram planta mas não tem muito tempo ou "jeito" para cultivá-las.
Um pouco tímido, suas flores desabrocham uma vez ao ano, geralmente durante a Primavera, muitas vezes no anoitecer e, ao raiar o dia, em alguns casos, já esta murcha. Sua floração é tão rápida quanto linda em algumas espécies, mas há ainda cactos que preferem quantificar suas flores e produzi-las em menor tamanho, também igualmente bonitas.
Quem não tem paciência para aguardar um ano inteiro para ver uma flor efêmera, pode aderir a moda e espetar flores secas nas superfícies dos cactos. É uma alternativa não muito ecológica, mas não chega a trazer danos à planta, essa prática é comum naqueles cactos que compramos nos hipermercados e floriculturas.
Outra vantagem do cultivo de cactos é que eles são capazes de aguentar dias sem água, durante o período em que seu dono viaja, suportam bem o ar condicionado dos escritórios, pedem adubo raramente e não necessitam de poda.
No entanto, o cacto que hoje possui cerca de 5 cm pode chegar a 60 cm de diâmetro ou até 3 mts. de altura, mesmo que isso leve cerca de 30 anos. Há ainda surpresas interessantes, como as espécies que apresentam algum tipo de torção natural do seu corpo. São as chamadas "monstruosidades", que darão um certo charme a espécie.
Há quem diga que é a planta ideal para os tempos modernos, pode ser, afinal a correria do dia-a-dia nos deixa pouco tempo livre para cuidar das plantas. Uma pergunta se torna inevitável, como plantar e cuidar de um cacto de maneira bem fácil?
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